Filho de vítima das FP-25 sobre morte de Otelo: “Para mim morreu o homem que mandou matar o meu pai”

Filho de vítima das FP-25 sobre morte de Otelo: "Para mim morreu o homem que mandou matar o meu pai"

“Que Deus lhe perdoe, o que ele nunca se arrependeu e eu não fui capaz de esquecer”, disse Manuel Castelo-Branco, numa publicação que está a ser amplamente difundida nas redes sociais.

Links patrocinados

“Quando alguém morre, costuma-se enaltecer os seus feitos, sua coragem, a força da sua personalidade e o bem que fez aos outros. Costuma-se ouvir elogios públicos e lembramo-nos da família de luto e de todos os que deixou. Sentimos que, mesmo o maior monstro, se torna humano e a dor e sofrimento que causaram à sua passagem, quase são relativizadados. Hoje morreu o Otelo e não consigo pensar assim.

Para muitos, morreu hoje o Capitão de Abril, para outros o responsável máximo do Copcoon, para mim morreu o homem que mandou matar o meu Pai e mais 14 vitimas inocentes, um bébé, o Nuno de apenas 4 meses, o Henrique, o Diamantino, o Alexandre, o Álvaro, o Adolfo, o Agostinho, o Fernando, o José, o Evaristo e o Rogério.

Links patrocinados

Durante muitos anos pensei como reagiria, se sentiria a mesma alegria que ele terá sentido quando soube que tinham assassinado o meu Pai ou o Pai, o marido, o filho de tantos outros. Talvez me alegrasse, talvez viesse a ser um dia feliz para mim.

Pensei que iria abrir uma garrafa de champanhe, que poderia sentir realizado um qualquer sentimento de vingança. Hoje o Otelo Saraiva de Carvalho morreu, e não sinto não fiz nem farei nada disso. Pelo contrário – é mais um dia de sofrimento, mais um dia em que me lembro de toda dor que este homem causou, sem que alguma vez tivesse cumprido a pena e 17 anos a que foi condenado e perdoado sem nunca se arrepender. Morreu hoje um homem mau, o dirigente e fundador das Forças Populares 25 de Abril.

É o capítulo final de um livro de dor e sofrimento, que marcou toda a minha vida que se encerra. Que Deus lhe perdoe, o que ele nunca se arrependeu e eu não fui capaz de esquecer.”, pode ler-se.