Tony Carreira: “Adormeço a chorar agarrado a uma almofada. Acordar é um vazio total”

“Acordar é um vazio total, adormecer é chorar agarrado a uma almofada”, confessou Tony Carreira na primeira entrevista a Manuel Luís Goucha após a filha, Sara Carreira, ter falecido num acidente de viação. 

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“A vida tem sentido depois da perda de uma filha?”, começou por perguntar o apresentador. “Claramente que não. Eu estou a tentar encontrar um sentido, mas… é muito complicado responder a essa pergunta porque eu tenho mais dois filhos. Eles percebem quando o meu discurso é tão negativo quanto este, percebem que é a dor que está a falar”, disse Tony Carreira, referindo-se a Mickael e a David. “Tenho de me agarrar a eles também”, prosseguiu.

“E tens-te a ti também”, recordou Manuel Luís Goucha. “Eu já não conto. Já deixei de pensar me mim. (…) Quando a minha filha partiu, foi de uma violência extrema. Morri por dentro. Estou a tentar encontrra a minha vida cá dentro. Não tenho problemas em dizer que bebi mais do que devia. Andei ali uns tempos… eu parecia um zombie. Depois, veio alguma violência. Fui injusto com pessoas que amo muito, fui agressivo com o mundo inteiro, revoltei-me com o mundo inteiro”, disse o cantor.

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“Eu não acreditava na vida depois da morte e hoje tento agarrar-me a essa esperança (…) Será dessa maneira que eu terei possibilidade de reencontrar a minha filha. É esse o objetivo hoje”, desabafa.

O cantor, diz que tem “duas certezas”: “Uma delas é que nunca mais volto a ver a minha filha e a outra é que nunca mais serei o mesmo. (…) A única coisa que me pode ajudar é agarrar-me à associação da minha filha, fazer o bem, acreditar que ela me está a ver e que o caminho que me resta cá não será assim tão longo (…) Gostava que o meu caminho cá não fosse longo”, atira.

A Manuel Luís Goucha, Tony explicou que, na verdade, “nunca” teve “vontade de ser um idoso” nem de “festejar cem anos”. “Se lá chegar, será um grande castigo”, clamou, garantindo: “Jamais pensei em terminar com a minha própria vida. Aparentemente, também não é o caminho para encontrar alguém do outro lado”.

“Acordar é um vazio total, adormecer é a chorar agarrado a uma almofada”, diz ainda.

O cantor diz ainda que vai “todos os dias ao cemitério” onde Sara Carreira foi sepultada que Manuel Luís Goucha não aguentou as lágrimas. “Só não vou se não estiver em Portugal. Até ter outras provas que procuro, até ter outras respostas, esse é o único sítio que sei onde ela está”, justificou o artista.

“Faço-lhe muitas perguntas”, continuou. O apresentador quis saber se Tony encontrava respostas, se as sentia “no coração”, e a reação deixou-o sem palavras. “Espero sentir”, respondeu. Goucha desabou. “Desculpa-me”, pediu a Tony.

Quanto ao acidente que tirou a vida a Sara, ao “quilómetro 60,03” da A1, Tony revelou ainda não existirem “conclusões” por parte das autoridades responsáveis pela investigação. “Dizem-me que até agosto não haverá nada. A covid serve para desculpar tudo”, adianta.

Quanto à relação que mantém com o namorado de Sara Carreira, que ia ao volante do carro que sofreu o acidente e vitimou mortalmente Sara Carreira, Tony alega ser “muito bonita”.

“Eu não sou amigo do Ivo, mas ele sempre tratou muito bem a minha filha. Teve a fatalidade de ir ao volante daquele carro. Podia ter sido eu. Sei que há um inquérito e eu não sei o que diz, mas… eu não o vou condenar, nem julgar. Nem eu, nem a Fernanda [a ex-mulher e mãe de Sara, Mickael e David], nem os miúdos. Não há semana em que não fale com ele ao telefone”, frisa.